Este é um dos últimos romances de Arthur Conan Doyle publicados. Apesar do título ser uma clara tentativa de ligar esta história à muito mais conhecida "O Mundo Perdido", do mesmo autor, são substancialmente diferentes. De facto, a única coisa que têm em comum é a exploração de um mundo desconhecido para a maior parte do mundo, se bem que mundos bem diferentes. Se em "O Mundo Perdido" se explora um planalto onde a natureza se manteve como era há milénios atrás, aqui exploramos os sobreviventes de um dilúvio que destruiu a Atlântida, uma raça tecnologicamente superior às que habitavam a superfície na época em que o autor viveu, levando este livro para o campo da ficção científica que a maioria dos leitores identifica com o género.
Como na maior parte de livros de FC com uma certa idade, temos aqui uma excelente oportunidade de perceber como as gentes da altura viam o futuro, falando de tecnologias que se vieram a tornar reais (como as lâmpadas florescentes e a energia nuclear) e outras que acabaram por ser desacreditadas (como a existência do éter).
A história em si possui várias passagens bastante interessantes e descrições inspiradoras, fáceis de visualizar e entusiasmantes, mas penso que a característica que mais salta à vista é a sua estrutura incomum. A fase de preparação, ao contrário do que ocorre na maior parte dos livros do género (incluindo "O Mundo Perdido"), em que ocupa vários capítulos para preparar e entusiasmar o leitor para o resto da história, é aqui despachada em poucas páginas. Além disso, a história não é contada de uma só vez, com os capítulos finais contando situações e detalhando certos pormenores que são ignorados na primeira iteração.
Não sendo, a meu ver, uma leitura essencial, é um livro que se lê bastante bem, até porque não é muito longo. Se o encontrarem, como eu, numa qualquer feira do livro por 1€, sugiro que o comprem. Acho que vale a pena.
P.S. - Como nota final, gostaria aqui de referir a tradução da Argonauta, uma das piores que me lembro de ler. Curiosamente, o tradutor foi o mesmo de "O Mundo Perdido", cuja tradução era mais do que aceitável.
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