domingo, 15 de junho de 2014

Neverwhere (2013) (drama audio)


A imagem acima é da capa do dvd de uma série relativamente obscura dos anos noventa criada por Neil Gaiman e Lenny Henry e transmitida na BBC2. Embora ainda não tenha tido a oportunidade de ver a série televisiva, a minha recente curiosidade por dramas audio levou-me a experimentar a adaptação para radio de 2013.

A primeira coisa que salta à vista nesta produção, para além do nome de Neil Gaiman, é o elenco. Nomes como James McVoy, Natalie Dormer, Benedict Cumberbatch, Anthony Head, Christopher Lee, entre outros, não serão estranhos à maioria dos amantes de cinema e TV. Como seria de esperar de actores de renome como estes, todos fazem um excelente trabalho, mas penso que Head como Mr. Croup, Cumberbatch como Islington e David Harewood como Marquês de Carbás merecem especial destaque. Confesso que, de início, estranhei as representações exageradas, necessárias num meio em que não existe a imagem para ajudar actores, mas rapidamente me habituei.

A par com os actores, a personagens são provavelmente o melhor da produção. São, no geral, originais, com personalidades bastante distintas e com diálogos que, em alguns momentos, chegam a ser geniais. O mesmo se pode dizer do universo criado. Por outro lado, o argumento não é particularmente impressionante. Não é original, nem surpreendente e, embora faça o seu trabalho de conduzir as personagens do princípio ao fim da história, não me entusiasmou particularmente. Esperava mais de Neil Gaiman neste departamento.

No geral é um drama áudio interessante, que merece ser ouvido que mais não seja pelas interpretações das personagens. Pessoalmente, marcou-me por ter sido o meu primeiro drama áudio, que depois me conduziu a obras dentro do meio que me agradaram mais (nomeadamente as produções de Doctor Who da Big Finnish).

Não posso finalizar esta curta opinião sem falar um pouco do formato drama áudio em si. Embora no Reino Unido pareça ainda ter bastantes adeptos, em Portugal já foi há muito esquecido e chega até a ser vilipendiado como uma forma menor de contar histórias, quando comparado com os meios mais visuais. Pessoalmente, fiquei bastante surpreendido com a capacidade das representações e dos efeitos sonoros criarem imagens na minha mente, mesmo ao ouvir as produções em paralelo com outras actividades. São ideais para ocupar os momentos mais mortos do dia, como a corrida matinal ou a ida para o emprego/escola. São também óptimos para aqueles, como eu, que não conseguem ler e nem sequer olhar para um iPod em transportes públicos sem ficarem enjoados. Depois de Neverwhere, os dramas áudio entraram na minha vida e duvido que voltem a sair. Recomendo a todos que esqueçam os pre-conceitos e lhes dêem uma oportunidade.